BLOG APENAS PARA ASSUNTOS IMPORTANTES DO CAIXA BAIXA, PARA EVITAR QUE OS INFORMES SE PERCAM NO MAR DE E-MAILS DO GRUPO.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

criação (Thiago)


Para Sérgio Castro Pinto


I


um sopro do espírito
que não vejo
sinto
baixar em meu peito
e animar
o pulso direito
entre a voz
e o ouvido voraz
sou o médium

quem sopra as narinas
do verbo
            é um deus
com hálito antigo
entretanto
seu bafo é incerto
tanto quanto
errante é seu rito

II

o homem assume
no penúltimo
            instante
conforma os sentidos
e dá nome
aos seres pulsantes
            entre o jato
            e o calco da tinta
            sigo o rastro

no sétimo dia
não existe
descanso
costela partida
perseguindo
as dores da lida
pelo gozo
da carne vibrante

III

o verso é criatura
inconstante
            as cores
emanam da pele
e caducam
a qualquer instante
a língua se banha
em reversos
distintos de antes

o poema é esfera
imperfeita
            que toca
a reta infinita
da matéria
em busca da forma
as letras recordam
a palavra
a ser repetida

IV

o espírito sopra
ondequando
            deseja
se o vento já esgota
a janela
dobrando a cortina
se fecha

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.