Para
Sérgio Castro Pinto
I
um sopro do espírito
que não vejo
sinto
baixar em meu peito
e animar
o pulso direito
entre a voz
e o ouvido
voraz
sou o médium
quem sopra as narinas
do verbo
é um deus
com hálito antigo
entretanto
seu bafo é incerto
tanto
quanto
errante é
seu rito
II
o homem assume
no
penúltimo
instante
conforma os sentidos
e dá nome
aos seres pulsantes
entre o jato
e o calco da tinta
sigo o rastro
no sétimo dia
não existe
descanso
costela partida
perseguindo
as dores da
lida
pelo gozo
da carne vibrante
III
o verso é criatura
inconstante
as cores
emanam da pele
e caducam
a qualquer
instante
a língua se banha
em reversos
distintos de antes
o poema é esfera
imperfeita
que toca
a reta infinita
da matéria
em busca da
forma
as letras recordam
a palavra
a ser repetida
IV
o espírito sopra
ondequando
deseja
se o vento já esgota
a janela
dobrando a cortina
se fecha
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