SAUDADE
saudades de ser o deus que não serei
singular-plural que quanto mais sinto
na esperança do império na sequência o quinto
menos me contento com a quinta sem rey
do vulgo saído a fidalgo distinto
qualquer tentação tento pra chegar-me a vez
de restaurar as ruínas do reino portuguez
em santo espírito tanto que eu minto
e vogo nas naus que nunca hei visto
depois de suas guerras por comércio e céu
e fico nas aldeias pra sempre sem distrito
saudades de ser o deus que não serei
singular-plural que quanto mais sinto
na esperança do império na sequência o quinto
menos me contento com a quinta sem rey
do vulgo saído a fidalgo distinto
qualquer tentação tento pra chegar-me a vez
de restaurar as ruínas do reino portuguez
em santo espírito tanto que eu minto
e vogo nas naus que nunca hei visto
depois de suas guerras por comércio e céu
e fico nas aldeias pra sempre sem distrito
anos mesmo antes de partirem os seus
me perdem além-mar mas meu o mundo em cristo
perdido eu aquém-terra o mito sobreviveu
PALHAÇO
que glória não teres pena de ninguém
acima do bem e contra os ricos
abaixo dos pobres a favor do riso
de quem seja sem seres de nada refém
também não me importo com os que têm juízo
fora da lei sei que nem os juízes o têm
também não me importo se abortam o neném
sei que os homens não valem um friso
o que te me interessa é o feio no belo
e o belo no feio é o riso alheio
ou o pranto contato que cure o não tê-los
eu estou contigo neste bamboleio
entre a morte sempre e a vida por um selo
de cenas alegres de um minuto e meio
AUTISTA
um mundo pra dentro que se quer não pode
ou se pode não quer felicidade fora
voltado pra si mil voltas em folha
no afeto que nem de mãe o amor o move
se feliz ninguém sabe nem tão pouco chora
por qualquer coisa ou muito por mode
de tudo ou nada que também o comove
ao riso por sorte do seu sem escolha
desejam curá-lo civilizadestrá-lo
no mínimo social como um qualquer
estimado animal na dor do seu calo
o pouco que diz não basta ao querer
dos outros dos quais abdica pro ralo
do eterno retorno ao insabido ser
me perdem além-mar mas meu o mundo em cristo
perdido eu aquém-terra o mito sobreviveu
PALHAÇO
que glória não teres pena de ninguém
acima do bem e contra os ricos
abaixo dos pobres a favor do riso
de quem seja sem seres de nada refém
também não me importo com os que têm juízo
fora da lei sei que nem os juízes o têm
também não me importo se abortam o neném
sei que os homens não valem um friso
o que te me interessa é o feio no belo
e o belo no feio é o riso alheio
ou o pranto contato que cure o não tê-los
eu estou contigo neste bamboleio
entre a morte sempre e a vida por um selo
de cenas alegres de um minuto e meio
AUTISTA
um mundo pra dentro que se quer não pode
ou se pode não quer felicidade fora
voltado pra si mil voltas em folha
no afeto que nem de mãe o amor o move
se feliz ninguém sabe nem tão pouco chora
por qualquer coisa ou muito por mode
de tudo ou nada que também o comove
ao riso por sorte do seu sem escolha
desejam curá-lo civilizadestrá-lo
no mínimo social como um qualquer
estimado animal na dor do seu calo
o pouco que diz não basta ao querer
dos outros dos quais abdica pro ralo
do eterno retorno ao insabido ser
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.