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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

EGOCENTRISMO

se parece estranho esta enormidade
não o é pra mim só se for pra vós
esta maravilha de planetas e sóis
ao meu redor em rede com a divindade

que tudo há desde que meu pai me pôs
aqui dizendo assim do nada antes de
faça-se a luz e me fiz de vaidade
que eu já existia e o resto veio depois

mas o quando eu for me preocupa às vezes
o que há irá pro apenas a palavra
e além de mim nem vírus nem deuses

mas logo me acalmo que tudo é nada
átomos galáxias latinos e gauleses
se eu não estiver mais por esta estrada



XADREZ

o espaço limitado nos possibilita
infinitos e o tempo para ao redor
do tabuleiro eterno e retorna só
pra alçar o bispo branco à rainha aflita

espero em silêncio que o som do suor
esbarra no campo de força da prevista
um peão se interpõe e posto eu não insista
perco uma casa e ganho um ódio em dor

o campo de batalha me hipnotiza e o tempo
me toma as têmporas e avança o algoz
agora veloz em cavalos ao vento

 
um erro atrás do outro em minutos após
horas irretocáveis e acuado e só tombo
ao ruidoso revés da realidade atroz


LUPUS EGO

a forma perfeita nem na ideia está
é sempre um acerto depois de seis erros
na luta contra tudo antes do enterro
pra que este não exista mas ele nunca falhará

é mister mirar no cerne do bezerro
não se anda um dia sem ter que matar
arrancar seu couro pra carne meu manjar
e eu poder por os que restam em ferros

minha marca ígnea no mundo arrefecida
profunda ferida na mente de poucos
pra em cicatriz o touro não voltar à vida

que era pela morte por um medo louco
de si mesma que ora de olhos homicidas
e nas mãos as moedas da venda dá o troco

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

soneto a quatro mãos

Depois alguém me dá uma luz sobre se esse 'a quatro mãos' leva crase ou não? Thanks.


* * * * * * * *


A minha teimosia não é prosa,
é poesia!, é caixa de Pandora!
Carrega em si tal mote que a glosa
suspira, embriagada pela aurora

do meu versar; A musa me é senhora,
dona de mim. É rara, é perigosa,
sabe fazer-me mudo e sabe a hora
de me açoitar com pedra, pau & Rosa.

Mas se hoje me aventuro no relevo
incerto do meu texto é porque o pranto
é menor que o desejo; E, feliz, clamo:

Eu não sei escrever, mas eu escrevo.
Não sei como cantar. Contudo, canto.
Nada sei eu do amor, no entanto amo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Espontaneidade Suada

Eu sou espontâneo, sou que nem cogumelo que dá meio da comida deixada assim, no lado de fora. Queijo do bom, seria? Não sei dizer se dou cólica, enveneno ou dou barato. O que sei é que a matéria onde broto não nasceu do nada, como música baiana em janeiro, sou como escola de samba em fevereiro – epifania programada desde ano passado. O que tento escrever apesar de espontâneo é como drible ligeiro de robinho, dá a impressão que, sei lá, saiu naquela hora, feito versos baratos com a riqueza inata, mas não. O broto de onde sai meu fungo é matéria alheia, vem do vento, vem da leitura, vem do olhar para o mundo, e principalmente pela sensibilidade de que não sou nada e meu verso é tudo... o processo é o pouco importa, a precessão sobre o tema, esta sim: o que vem a tona, se é queijo, veneno ou alucinógeno. Se vai fazer brotar palpitações ou simplesmente será como barata no ralo que dá aos montes. As tantas baratas se acham? Não sei. Só sei que as tantas acham. Quero ser queijo, mesmo  sem saber com que vinho irei combinar. Quero ser veneno, mas venhamos e convenhamos, não quero matar ninguém do coração, nem de desgosto. Talvez quero dar cólicas mesmo, dar desinteria, passar de onde outro qualquer desistiria. Quero que o meu fungo espontâneo seja falado mal, como a merda que cheira mal. Quero que a merda feda, pelo menos isto. A pior merda é aquela que você nem lembra que cagou. Não quero ser queijo de coalho pré-cozido. Queijo manteiga, quiçá. Posso até jogar sobre o meu fungo coalho firulas, dizer que sou robinho e fiz na hora. Mas cara, você não sabe o quanto ser espontâneo é difícil. É feito mágico que erra no meio do número pra depois agradar no final. É desmaiar na atuação do filme de modo que vejam que você desmaiou de verdade, ou pensem. Não quero ser uva que cai do pé ainda verde, só pra satisfazer o capricho do lobo (ou será se meu) Ufa! Escrevo como se camuflasse a porrada com peles de camurça, como se pisasse em pregos sem as pantufas que, nos treinos, aos poucos fui retirando.

domingo, 11 de setembro de 2011

resumo reunião santa rita

Resumo da Reunião ocorrida em Santa Rita

1- Ingresso de Letícia Palmeira e Romarta Ferreira;


2- Estatuto: membros que ainda não enviaram os dados, por favor, façam logo. precisamos vencer este estatuto;
 

3-Mensalidade: Por favor, que tiver condições, atualize suas mensalidades. Precisamos registar o estatuto e promover eventos que serão discutidos na próxima reunião;

NOVA CONTA PARA DEPÓSITO:
AG: 1619-5
CONTA POUPANÇA: 6435-1
VARIAÇÃO 01
CYELLE CARMEM





4- Estão abertas as sugestões para novos membros. Todavia, só haverá convite, depois de votação em reunião;
 

5- Sarau em CG: fica sugerido, ao joão matias, organizador do próximo sarau, q este, seja realizado na segunda semana de outubro;
 

6-por sugestão de denser, precisamos criar uma agenda anual de atividades do grupo. dentre as quais, realização de saraus, encontros literários e outros;
 

7- próxima reunião, bar do elvis, dia 24 de setembro, às 13 horas, véspera de viagem para bienal;


8- MAIS compromisso com o grupo. vamos postar, comentar e participar dos eventos, reuniões e discussões na net.

Bem, acho q é só isso. faltou algo?

A Revolução de 89 - parte final


Aqui, segue a terceira e última parte do 'A Revolução de 89'. Eu já havia postado, juntamente com as demais, mas aí está a versão revisada.

**

Quanto ao destino da revolução que eu planejara, os fatos desviaram-se das diretrizes traçadas. Se o movimento tivera um idealizador, ele terminou encontrando um líder não planejado. Enquanto a diretora ocupava-se de retirar o general deposto do pátio e levá-lo para casa, os professores pareciam mais curiosos para ver o desenlace daquele evento inusitado, que ansiosos por restaurar qualquer tipo de disciplina. Já eu, à espera do momento mais oportuno de entrar em cena, não percebi que a cena contara com outro oportunista desde o primeiro minuto.
— Amigos! Amigos! – bradei. Ouçam! Ouçam! Não precisamos mais de um general inútil! Mas isso não significa que não precisamos mais de um líder! Precisamos de um líder útil!
O silêncio se fez. Prossegui:
— Se o general desceu, que suba o novo general!
— E quem seria esse novo general?! – perguntou Gabinho.
— O coronel! – gritou uma voz não identificada, seguindo-lhe o clamor de todo o pátio:
— Viva o coronel! Viva o coronel! Agora o general! Agora o general!
Foi então que minha sorte começou a mudar. Gabinho subiu os degraus da biblioteca e lançou os colegas contra mim:
— Mas o coronel não era o vice do general?!
— E o que isso tem a ver? – alguém indagou.
— Se o general não fez nada, o que fez o coronel?! Nada vezes nada! São todos iguais!
Ainda tentei salvar minha patente:
— Amigos! Amigos! Não ouçam o que ele diz! Não fiz nada porque ele, o general, não permitia!
— E o que você faria se ele permitisse? – alguém perguntou.
— Eu... bem...
— Ouviram?! Nada! – sentenciou Gabinho.
E uma onda de vaias banhou o ambiente. Era estonteante. E selou o insucesso dos meus planos de poder. Tão ingênuos os planos, quanto inútil aquele poder. Mesmo assim, o poder! Outro ovo atravessou as cabeças e acertou em cheio, daquela vez, o meu rosto. Naquele instante, Gabinho bradou:
— Viva a democracia!
— Viva! – vibrou a escola em peso.
— Abaixo as patentes!
— Abaixo as patentes! Abaixo as patentes! Abaixo as patentes! Abaixo as patentes! – e, repetindo o refrão revolucionário, aos berros, a multidão empurrou-me para fora do pátio enquanto erguia Gabinho no ar, aclamando-o como seu novo líder.
Fui socorrido por um dos professores, enquanto os demais tentavam conter o alunado, temerosos de que a revolução se transformasse em uma omelete. Levado para casa, só retornei à escola uma semana depois, para fazer as provas conclusivas do bimestre. Soube por Alan que, no dia seguinte ao tumulto, Gabinho organizara eleições para a nova liderança e os colegas o haviam elegido prefeito. Também se havia criado uma Câmara de Vereadores, com três membros, e o próprio Alan fora escolhido seu presidente. Enfim, os alunos estavam satisfeitos com a democracia, embora mal soubessem do que se tratava. O ex-general e eu voltamos a nos encontrar durante as provas. Não nos cumprimentamos; porém, no último dia de aula, ele me procurou.
— Jaquinho, vou sair da escola. No próximo semestre, vou estudar nas Damas. Meus pais conseguiram uma vaga e eu tenho que aproveitar a chance, pensando no vestibular. – era a mesma voz fleumática de sempre.
Um, dois, três segundos de silêncio e:
— Vamos lá. Deixe de bobagem. Não tenho ressentimentos. Afinal, aquela estória das patentes era uma piada sem sentido.
Sorri. Sorrimos.
— Agora, a piada é outra... – emendei.
— E nós estamos crescendo. Para tratar de coisas mais sérias. – ele completou.
Trocamos um aperto de mão, depois um abraço e nunca mais voltamos a nos ver.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

poema para possível publicação

Salmo para Isabel

a  fumaça do cigarro
veste de branco
a bailarina em seu vôo 
solitário....
meu teto como céu é teu palco.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Fale pelo nariz

Minha contribuição é este desenho. Um spoiler de um conto que fiz e brevemente pretendo lançar em formato de livro.

Laudelino

Senhora



Cava a sepultura e
Enterra meus últimos versos
Aqueles dedicados ao amor derradeiro,
Minha ruína, Minha quimera.

Versos declamados
Em lamentos de agonia
À ela, Senhora das últimas horas,
Vestida de mantas negras.

A assombrar-me noite e dia.

Vê quanta dor,
Quanto sofrimento,
Tantas lágrimas derramadas,
Em meu leito de morte?

Ó Criatura indesejada,
Envolve-me em tuas vestes
Arranca de vez esta minha dor
E mostra-me o Paraíso.

Quiçá, a Terra prometida.

Ó Senhora,
Que meus versos
Sejam tua Glória, teu deslumbramento.
Meu fascínio, em teus braços.

Minha última hora.

Mirtes Waleska Sulpino
*Todos os direitos reservados ao autor