BLOG APENAS PARA ASSUNTOS IMPORTANTES DO CAIXA BAIXA, PARA EVITAR QUE OS INFORMES SE PERCAM NO MAR DE E-MAILS DO GRUPO.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

PRA QUANDO FOR A MINHA VEZ


Insensatez

Meus sonhos são de bolso
E cabem numa estante qualquer,
Onde a minha loucura se concretiza,
E a minha poesia é toda insensatez.

Mirtes Waleska Sulpino

segunda-feira, 23 de abril de 2012

PARA ESSA SEMANA

hey, guys, desculpa a demora

****

ruído inglês

habito as alamedas do pecado
em minhas veias corre a humanidade
sigo sozinho, mesmo acompanhado
dos brutos e da mais febril verdade.

em mim não me restou nem a saudade.
sou como um sentimento naufragado,
um bêbado no centro da cidade,
uns esboços de vida, um rabiscado.

porém, tenho a certeza do meu lado:
aqueles que me olham com maldade,
julgando o que não deve ser julgado,
hão-de pagar com o amargor da idade.

quem não faz do poema seu amado
não sabe da poesia nem metade.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

para quando chegar minha vez

O ENGENHO

Na esterilidade do cansaço
A febre do desânimo me afronta.
Reflete no octógono do destino
Uma angústia milenária que se afoita.

Na linha férrea do meu traço
A humanidade se amedronta,
Pois só no brejo Nordestino,
O incoercível se açoita.

Carrego 200 litros de vinagre,
Dói-me o dorso cerebral.
A indiferença é o milagre
De uma sonata universal.

E a essa hora, quando a flecha beija o arco,
Quando o crepúsculo me acalma,
Sinto a brisa do Pau D’arco
Pentear as tranças da minh’alma.


ÓPIO

Outro lugar
Os ventos que movem os moinhos
Brisas de um verão fora de estação.

Correríamos em campos rosais
Mato raso
Sem espinhos
Quixote quisera ser assim:
Tragaríamos os goles do ópio
E dormiríamos eternamente.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Setenta mil golpes na sua cabeça


Por Bruno R. R. Santos

“And either way you turn
I'll be there
Open up your skull
I'll be there
Climbing up the walls”

Radiohead, Climbing Up The Walls

Amor, você lembra o dia que cheirei seu cabelo, cê lembra? Eu passei por você naquele ônibus lotado, seus olhos nem repararam, mas eu cheirei que até tremi as pernas. Amor, não pense que é saudade, sei que você se mudou, sei que sua casa tem vigilância 24 horas e tem aqueles porteiros crioulos de 2 metros de altura, mas amor se liga: eu te amo, porra. Aquele dia em que estávamos na boate, nós dançamos ao som do Depeche e Moby, se liga nesse dia? Quando a lua brilhava tanto que o LSD fez a gente ver o Sinatra saltando na chuva fina. Não quero te ver assim, cheia de medo e nóia, saca? A verdade é que meu peito ainda dói quando me lembro daquela facada que a senhorita me deu, lembra? Doeu pra cacete, vagabunda.

Não quis te xingar.
Podemos ser amigos ainda.
Amigos até morrermos, o que acha?
Eu cuido da sua casa, da sua avó doente.
Do seu papagaio José.

Eu posso guardar a fechadura, vigiar o negão de 2 metros, afinal, confiar em negro é demais.

Posso pentear seus cabelos enquanto você tira aquele cochilo depois do almoço.

Não importa aonde você vá, céu ou inferno, Babel ou Atlântica. Eu estarei lá. Vigiando seu corpo bronzeado, aparando os pelos escuros, alisando sua mão sem sequer tocar na pele. Não importa a vigilância, eu tenho todas as chaves do mundo em mãos. Não importa os muros, se preciso meus dedos escalam o Monte Everest. Não importa o alarme, sou rápido como um puma, sagaz como a hiena. Não adianta pedir para a polícia passar pela vizinhança, não adianta pedir para o seu melhor amigo gay dormir com você, não adianta ter um Pit Bull com nome de Dentinho, não adianta dormir armada com a faca de cortar carne, não adianta ter o sono leve, não adianta se mudar para outro país, não adianta olhar para os lados enquanto vai fazer as compras do mês, não adianta trocar a fechadura todo dia, não adianta ter insônia, não adianta.

Só quero ser seu amigo agora, não entende?

Você não me conhece direito, mas eu sei quem é você. Eu anoto seus passos no meu caderno, eu te persigo desde que você nasceu. Quando eu tentei te beijar, sem maldade alguma, só para você experimentar o chiclete que eu estava mastigando, você quebrou meu nariz, sua puta. Quando entrei na sua casa antiga, eu só queria um café, nada demais, conversar sobre o mestrado em comunicação que você estava para fazer, sobre sua mãe doente, só conversar.

Daí você enfia a faca no meu peito.
Olha, assim fica complicado.
Estou tentando ser racional, sabe?

Na terceira e quarta vez você também não foi sensata. Os polícias também não foram.
Mas estou livre, já tenho tudo o que preciso para velar seu sono. Sua casa nova é linda. Esse país é perfeito. Você hein, sempre com um bom gosto admirável.

Podemos ser amigos, certo? Sem violência dessa vez, sua escrota.

Só aprenda uma coisa, sua cabeça é minha. Vou martelar ela com minha presença até o fim dos nossos corpos, quando estiveres enterrada, estarei lá, chupando as minhocas e vermes do seu couro cabeludo necrosado.

Não adianta virar para esquerda ou direita, não importa a direção, eu estarei lá. Abrindo seus órgãos, chupando sua vida, olhando dentro de ti e gritando que você é minha. Mastigando cada célula, cada partícula, cada doença.

Amigos para sempre.

Estou do seu lado, não está vendo, bela adormecida? Seu sono inquieto, aterrorizante. Provavelmente tendo um pesadelo. Tão linda com esses cachos caindo nos ombros nus.

Tão linda roncando.

Sem facas agora, baby.

Acho que fiz algum barulho, seus olhos estão se abrindo.

Perfeito.

“Que saudade. Pensei que não se lembraria mais de mim.”

Sua expressão de medo nunca mudou.

Tu és a mesma menininha que se assustava com os sons do bicho papão na infância.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

JOEDSON


EXPLICAÇÃO

ah minha amada me não tenhas inveja
por não possuíres o meu sagrado Pênis
nem tu por pensá-lo do tamanho do tênis
oh meu não querido quem quer que ímpio sejas 

sabei que o melhor é o transmissor de genes
se somos somente animais na peleja
a fêmea é a mãe pescoço da igreja
o macho é o pai mesmo a pau tênue

além do mais moça a qualquer momento
podes recebê-Lo do início dos pentelhos
ao fim pra mossa o unguento bento

e o teu ruim rapaz eu digo sem zelo
meu ferino Falo teu ânus adentro
mas o pior é o medo que tenho de perdê-Lo


CURVILÍNEOS

1

se um deus inventou a boleada bunda
de certo não foi quem a nomeou de nádega
esta um ânus doce de estagnada água
aquela salgadas oceânicas ondas

orixá quem fez o cu e seu olho de pregas  
pois a bunda mais bela uma negra banta
de curvas perfeitas sob o manto da santa
que leva ao paraíso sem a reta que nos draga

abundante e macia qual se feita fosse
apenas pro filho do homem encostar
a cabeça abraçado aos dois belos montes

quase tão importantes pro corpo procriar
quanto o de vênus porque mais atraente
pro deleite da mente que não cansa de olhar

2

retidão reza a ciência só em nós tem berço
o cosmo é curvo por sua natureza
pra economizar força e esbanjar beleza
esferas e elipses do átomo ao universo

até a vagina de triangular realeza
não tem uma ponta e os pontos de seu terço
são unos por curvas nada é sobejo
na vulva que apraz toda a macheza

mas a perfeição de toda a criação
mais que qualquer arte do Euro facundo
ou tecnologia de ponta do abatido Japão

se acha na bunda dupla de meios-mundo
prum inteiro humano de integração
que um dia será globo todamente bundo



DURA LEX SED LEX

sempre me pautei por este lindo lema
o qual aprendi ainda bem novo
sem pelos no púbis nem gema no ovo
com a voz aguda e a pica pequena

este ensinamento milenar do povo
que mais que doutrina é duro dilema
repassado pelos mais velhos sem pena
sem cuspe nem culpa que agora vos trovo

o certo é o coito do cotidiano
botar na buceta é bom mas injusto
visto a vagina aberta ser ao humano

justo é o cu contudo incerto
se vara só às vezes posto ser o ânus
ainda um tabu se há alguém por perto