SILVA
no prateado da página um purpúreo leão
se arma amargurado
num rompante rampante e de rubra presunção
sem armadura linguado
por este ora eclipse que embora logo irá
pois minha coroa sem castros
não esfriou um grau ou grama de gravar
na aristocracia dos astros
e de manhã mais marrom de macheza e tropos
voltará embora desde
a estreia eu esteja no evolucional topo
e daqui deste leste
o meu rugido régio redijo em hino culto
e lentamente danço
à margem dos movidos e me moverei vulto
depois de dez descansos
prum latrocínio ligeiro de lábios no pescoço
das presas que quanto maiores
melhor seu precipício o que prezo sem preço
sem mesas pros molares
nem talheres de corte que castrem meus caninos
felinos de toneladas
de agudeza sem pena dos parvos pequeninos
sem tempo pra minha toada
sonante e mudando de metro não de mister
eu ondulo canoro
sem deixar de exercer meu épico de elite
a cancionar sem coro
egoísta e egocêntrico de elevado alvitre
pra ambição que aprimoro
na primavera sem cova pro meu coração de leão
nem azar de zodíaco
nem hércules que me sangre ou sagrado sansão
eu me zero a zica
mas não obsto o horóscopo me originar em leo
leal mas sem lisonja
porque eu vim da selva sem submissão nem a céu
e me lembro das monjas
já distante de roma mas com roma ranzinza
no cós e aos calcanhares
e as dúvidas do demônio pra mais desejo inda
com as canônicas pares
patrícias pela graça pré grécia e pós groove
da pirotecnia do púbis
saudoso sou das santas e sonsas de jovem
mas nem ceutense beatriz
nem toscana santinha a selva selvagem
com beijos me bendiz
meio homem de botas e de bodas meio bode
sou todo deus e fico
a cara do capeta comigo ninguém pode
o filho do fogo fixo
inflexível no ideal de ilíadas escrever
sem carecer ser cego
ou não ter existido nem excogito esquecer
pois meu sonho é meu ego
em todo sonho meu falo qual fântaso fobetor
e morfeu a orquestrá-los
à flauta sou criador de cabras e comedor
de ovelhas em meu onfalo
nome do conhecido no cosmo pro sem cor
herança de himeneus
bem mais saudoso sou da solidão das selvas
que não existem ou céus
os sátiros safados com safadinhas na relva
são somente meus eus
as ninfas pelo pecado com pã e assim mais prazer
no menino sem mora
dizem que ainda em roma sem ruído de romance
e até antes das âncoras
a solidão da selva me salva a todo instante
meu albergue a qualquer hora
mas ora na multidão os meus muitos milênios
são somente lembranças
de quando existiam heróis e excêntricos gênios
de literatura e lança
memórias sem nem moedas pro mês da enfermeira
dívida pra que diga
estás vivo todavia é triste a tremedeira
e as dores de barriga
das grandes navegações um náufrago necrosado
fui de rei a vice-rei
e pólvora na província pro príncipe sem ducado
retrocedi de marquês
a conde sem onde ver o visconde de vaidade
com morada e sem tostão
o barão virou vilão nas vis modernidades
sem teto ou quase tão
contente com sua casa de confortite e seu voto
de confiança em dado fado
por cruéis pra despojar o doce do devoto
feliz com o finado
escravagismo e co fardo nas fábricas de frissons
e a livre expressão
de asneiras em alto e analfabeto som
pro enlevo da excomunhão
de fidalgo eu fui a filho de rapariga
estou na boca do povo
privado mesmo com posses pois a plebe não é rica
de pensamento e provo
está na mente dos ricos ridículos com reais
de ilusão sem realeza
sem religião conquanto construa e lote currais
pois nem pra si mesmo reza
de inventor da igreja pra inalcançáveis alturas
a seitas ilegais
sem gota de grandeza goram goda arquitetura
na indigência iguais
sem freis padres abades ou se há a mesma usura
sem cônegos nem cardeais
antes fosse pagão mas paga pro pastor
lhe julgar o juízo
sem juiz nem promotor a preso sem pudor
por jujubas e deslizo
de alferes e um monte de militares ao mar
de desafios seu deleite
a civil cheio de direito com dengo pra desmamar
pois eleitor por leite
de sua parvoíce sem pai e padrasto não dá
pra que legados empreite
se foi uma grande chance de chanceler e chefe
da civil casa ou milica
presidente sem diploma diplomata não defere
sumos sonhos de chica
apenas a avareza do mais adiposo pobre
e ao seu dono mais dinheiro
que nem existe sem risco nem rasga sem quem roube
e denego o rasteiro
nem quero ser um premier se só prata for o prêmio
prum joão qualquer se lasque
se eu não for o rei pra rumos de nunca remos
que vivam novos velásquez
por agora eu não sou mas sonho que seremos
sairemos desta poça
de cretinos democratas a depravar a dama
no presente sem quem possa
isso é uma lástima mas a lágrima não lama
quero é qualidade
e em cada qualificado a quantidade é gama
pra cobrir eternidades
e quem sabe do enxame exército de escravos
não sai de mel um mar
do leão pra lutar sem luto pra bem mais bravo
com os mouros sem alá
nossos bárbaros sempre e são estes tais cegos
meus civilizadores
à porta da cidade nos sitiando o sossego
sempre novos sabores
nos proporcionam ainda que um amor amargo
o cadáver reavivado
e eu também fui bárbaro e dos bandidos mais brabos
de barba ruiva à roda
da cidade eterna e estragando o estado
pra acaralhar a cara
do papa por eu querer outro cristo e consegui-lo
não me custa carrara
mas hoje de baixa crista embora carregue comigo
no coração de pavios
a cruz e entre esta e a espada encastelado
sobrevivo sombrio
em cartas pra casa sem correio amuado
sem selo no extravio
das náuticas que nunca a um navio deram a luz
mas as haverá alterado
pra hologramas da natura e naves novas em nous
argos de ars qual dardos
a outros orbes meus planos a longo prazo pois
o destino não é dado
por agora apenas meu atrevimento barroco
porque jamais foi gótica
apesar de alderedo minha ambição sem troco
e sim gangorra gongórica
entre o bem e o mal no momento mais pra má
entre a salvação
e o abismo aonde ancorarei sem parar
entre o sim e o senão
o não enseja esperar e sua esperança amém
não mais venha adventista
a minha palavra precisa prevalecer pra além
eu artista autista
escrevo este enorme escudo do que quase
não se acha as pistas
nem a quinta sucessora da selva que se sobrasse
pra eu farejar as flores
primitivas do lácio à lusa bem mais loas
pois lhe fixaria mais cores
nem a afilhada torre das tombadas de troia
se a figueira ao menos
restasse pra resguardar-me um risco de sombreiro
beira tibre ao tirreno
pro nostrum mare e margens dos mares do mundo inteiro
se transformando em terreno
escrevo pro troiano trespassar logo turno
e conservar de
castela
o castelo do meu seio pra sair do soturno
muito cara espanhola
que desfigurou meu dom pra ser a dona de tudo
proteger de portugal
o porto com plataformas pros povoados mais rudos
projeto nada mal
pro galego gaiato de minha gala escapar
mas pra menos mourarias
eu quem os quis num surto na senda de santiago
pro sul que me orientaria
nos luzeiros do luiz de lisboa mesmo meio cego
dum olho ourivesaria
nos oscuros luzeiros do luiz latinizante
de córdoba mosaicos
e néscios de eu ser seu norte e meu nome responso
prum monte de monarcos
nem nota pro meu nome nos nobiliários alfonsos
de marcos té no japão
mas não me podem tirar este triunfo de terra
meu lema é legião
dês os celtas sumindo nas civilizantes guerras
legais cristãs ou não
embora tenha a semente sumido dos salões
pra que frutos fecundos
fulge em cada flor se fauna em extinções
pai fauno nos dá bundos
e mãe vênus nos brinda com as mais belas bundas
do seu coração ideário
que cancioneiros o instinto ibérico infunda
pra instituir impérios
ainda que me neguem pois não nado mas normando
também depois do ducado
de mim novos mundos ao mundo foram dando
e darão mais uns bocados
de mim todo o ocidente e não me ouve o oriente
embora brade o meu bardo
a china e a índia ingentes indigentes
ilhas quase agora
minhas e me ignoram o idioma sem ler
até áfrica se arvora
o meu couro curte tão quente e esmoler
e a efígie me enjaula
pra estações de rádio e eu a rir que me repartem
em percutido peso
entre os que ficam fiando sua fome e os que partem
da pobreza alheia obesos
mas um dia o leão vos come de novo em cada cabo
em navarra por violência
na galícia em aragão e nas astúrias o rabo
de valença a valência
da terra nova a terra do fogo torres e sinos
na austrália meu cívil
na frança e inglaterra e na itália intestino
onde o silvo dos
sílvios
apontaram por agouro de anquises e latino
e os sinais ainda vivos
por enquanto nem hermanos europeus me sabem
pra eneida da nova roma
nem os norte-americanos meus netos me notam
sem rômulo e remo
no brasil onde me meto no mato me meteram
mas um dia arraiais meus
qual foram dos meus filhos que por fé os perderam
ao alcançar o apogeu
pouco perduraram por pelejas sagradas
adversários de si e deus
mais que inimigos do islã e de israel barbarizadas
aldeias são ainda
onde que se odeiem longe horrores da alborada
do amor de enéas e lavínia
e eu ainda sou bárbaro embora sem barba bárbaro
não obstante os óculos
pois o ouro é o olho mas não obsto ser pícaro
e organizo meu foco
nas letras nas quais ligo o luminoso espírito
pra conquistar o cosmo
após cada das costas e cada dos territórios
clareados por meu cuspo
as cidades sumindo pra selva refeitórios
sou selva cercada a muros
que depois de derrubados em três dias os reerguerei
cintilantes do meu duro
os restos das repúblicas e rindo pra nova grei
ressurgirei dos que rápido
me esqueceram esquecidos já por este agouro
ressurjo pra sempre válido
em potência e promessa do pó dos outros ouro
se deixam disfarçados
de ser bárbaros e são qual sou civilizado
pra em décadas o mundo
eu da sua circunferência pro centro da ciência
de novo civilizar
da saudade da silva e da seiva esperança
soberano de sanhauá